Existem dois grandes problemas no mundo relacionados com a alimentação: fome e desperdício de comida. Mas um simples pó pode resolver ambos os problemas e ao mesmo tempo. A ideia é de um grupo de estudantes da Universidade de Lund, na Suécia, que consiste em transformar frutas e vegetais perto do fim do prazo de validade, em novos alimentos, secando-os e transformando-os em comida em pó.
O FoPo Food Powder, como chamaram a este novo produto alimentar, foi uma ideia do estudante sueco de engenharia mecânica Kent Ngo, que se juntou depois a Via Jarolimkova, Lizzie Cabisidan, Ada Balazy e Gerald Marin.
O conceito tem um cariz humanitário e pode contribuir para o combate ao desperdício alimentar. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), todos os anos são desperdiçadas 1,76 mil milhões de toneladas de alimentos — e a curta validade de alguns produtos é uma das razões para que isto aconteça.
Em Portugal, desperdiça-se anualmente 1 milhão de toneladas de alimentos. Desta forma, cada português contribui com o desaproveitamento de 97 kg de géneros alimentícios por ano.
O FoPo aumenta a vida útil das frutas e vegetais de duas semanas para dois anos, mantendo o sabor e a qualidade nutricional. O produto ainda está em fase de desenvolvimento, mas já existem três sabores: banana, framboesa e manga.
“[Não estamos] a usar um novo produto ou nova tecnologia, [mas sim] a criar valor da ineficiência do sistema alimentar“, afirma Gerald Marin, um dos estudantes que desenvolveu o FoPo.
Esta comida em pó, com base em frutas, pode ser ingerida tal como é apresentada nas embalagens, que se assemelham aos das batatas-fritas, ou utilizada na confeção de bolos, sumos ou adicionado a iogurtes e gelados.
O FoPo ganhou um prémio de 5000 dólares, em Fevereiro de 2015, no Thought For Food Challenge, um concurso de projetos na área da alimentação, que se realizou em Lisboa, Portugal.
Depois de uma campanha de angariação de fundos bem sucedida na plataforma Kickstarter, a empresa integrou um projeto piloto nas Filipinas, com o apoio do governo deste país e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Também em Portugal se desidrata fruta para esta durar mais tempo. Na Quinta de Vilar, em Viseu, foi desenvolvido um produto para recuperar as maçãs rejeitadas, tornando-as num snack saudável de maçã desidratada – Fruut.
Para combater o problema do desperdício alimentar têm surgido várias ideias tanto de empresas como de cidadãos preocupados. Um bom exemplo é o projeto Fruta Feia, uma cooperativa que tem o objetivo de “resgatar” a fruta e os legumes que não têm o aspeto visual exigido pelas grandes superfícies, combatendo o desperdício e promovendo uma economia mais sustentável.
Outras formas de combater o desperdício alimentar é a gerar energia com produtos que iriam para o lixo, foi o que um supermercado britânico fez, ou mesmo criar embalagens ou rótulos inteligentes que nos dizem quando um alimento está a ficar estragado.
Fontes: P3, Huffington Post
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