31Provavelmente usas as redes sociais para manter o contacto com amigos, atualizar-te das últimas notícias e até “investigar” a vida alheia, mas os órgãos de saúde pública e segurança alimentar estão a usar esses dados para investigar algo de maior utilidade. Um simples tweet pode ser uma peça fundamental para montar o quebra-cabeças de um surto alimentar.
Muitas vezes, quando alguém vai comer a um restaurante e fica doente ou mal disposto, escreve sobre isso na Internet. Se houver um “pico” de publicações nos sites e nas redes sociais de pessoas com queixas de vómitos, diarreia ou outros sintomas de intoxicação alimentar, o sistema pode emitir um alerta para as autoridades de saúde. Os dados também podem ser enviados para hospitais, para estes se prepararem para o atendimento adequado ao problema.
Para além de mapear os locais onde o surto já ocorreu, também se pretende criar um sistema de alerta precoce com esse mesmo método. O alerta precoce inclui várias redes sociais, até uma fotografia publicada no Instagram pode revelar maus hábitos alimentares nas refeições feitas em casa. Uma fotografia de uma carne mal passada pode ser o prenúncio de uma doença futura.
Outro foco deste tipo de monitorização é compreender os hábitos culturais alimentares que nos podem colocar em apuros. No ano passado, a FSA (Food Standards Authority), autoridade responsável pelo regulamento de normas alimentares nos Estados Unidos da América, emitiu orientações à população para parar de lavar a carne de frango crua antes de a cozinhar. Ao contrário da crença popular, esse hábito auxilia as bactérias a espalharem-se pela carne e aumenta a probabilidade de contaminação de quem a consumir.
Em Inglaterra, o Twitter já foi utilizado para detetar focos de norovírus, que causa a “gripe estomacal”, duas semanas antes do departamento de saúde pública admitir a ocorrência do surto epidémico. E mais, o software analisou as hashtags mais utilizadas pelos doentes e ao percorrer publicações passadas, descobriu uma série de surtos menores do mesmo vírus ao longo do ano. Se estes surtos tivessem sido tratados a tempo antes da contaminação se espalhar, certamente menos pessoas teriam sido afetadas.
Ainda que a tecnologia nos livre de uma passagem pelas urgências, façamos nós a nossa parte: antes de cozinhar lave bem as mãos, não o frango.
Este texto foi escrito pela equipa do Blog Eat Innovation, um site sobre as coisas incríveis que se fazem na área alimentar.
Fontes: The Telegraph, Digital Trends, New York Times
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