E se pudéssemos comprar produtos do futuro?

Esta é a proposta da Products of Tomorrow, uma campanha publicitária, que criou uma loja online com produtos baseados nas necessidades do futuro.

O Acordo de Paris, que limita o aquecimento global, deveria ter sido um marco no comprometimento dos países com o meio ambiente. Infelizmente alguns países limitaram as suas metas de redução de emissões de carbono, incluindo os EUA, um dos maiores poluentes do mundo.

Num alerta para o problema, a agência de publicidade África e The Nature Conservancy Brasil estão a promover uma campanha chamada “Products of Tomorrow“ (Produtos do amanhã).

A campanha consiste em anúncios de uma loja web, com produtos baseados numa perspetiva realista do impacto do aquecimento global na vida quotidiana. 

Estima-se que em 2070 a Terra poderá aumentar 4ºC. Espanha e Itália por exemplo, serão tão quentes quanto o norte da África. A intensidade da radiação UV exigirá proteção extra. A campanha “products tomorrow” apresenta um produto do futuro baseado nessa necessidade:

– Um protetor solar SPF 350+ para quando a terra estiver mais quente

Sunscreen SPF 350+

Em 2080, o cultivo de frutas orgânicas estará perto da impossibilidade. Muitos sabores do século passado serão recriados através de alimentos sintéticos. Por exemplo o sabor natural de uma maçã será criado a partir de restos orgânicos. Produto futurista da campanha “products tomorrow”:

– Uma maçã feita com 3% de fruta real, quando o cultivo de alimentos orgânicos for quase impossível

Apple made with 3% real fruit

Em 2037, dois terços da população terá pouco acesso à água potável. Recolha de águas pluviais será uma realidade, mesmo com o aumento da sua acidez. Para nos mantermos hidratados, iremos precisar de água o menos ácida que conseguirmos encontrar. Produto futurista da campanha “products tomorrow”:

– Low-acidic rain water – Água com pouca acidez

Low-acidic rain water

Allie Wist, diretora de arte da revista Saveur, também criou o projeto arte “Inundado“, um ensaio fotográfico de ficção, baseado em dados científicos reais.

Este ensaio fotográfico consiste em fotografar um jantar futurista, baseado em dados já disponíveis sobre as alterações das temperaturas e dos níveis do mar, que irão provocar alterações no aumento da acidificação das águas e desoxigenação.

Salada de água-viva; Galinha assada com cogumelos; Anchovas salgadas, Ostras

Teremos de adotar várias técnicas de conservação. Como por exemplo: desertos feitos de ágar (gelatina à base de algas), aquicultura, proliferação de bivalves, que atuam na filtragem de água do oceano e alimentos enlatados ou em conserva.

Esquerda: cogumelos – fonte de alimento e podem absorver toxinas do solo. Direita: Pudim de agar-agar com creme de alfarroba, possível substituto para o cacau.

Nos dias de hoje já começamos a notar as consequências do aquecimento global. 

Temperaturas anuais mais altas produzem frutas com mais açúcar e menos ácido, resultando em vinhos com 1% a 2% maior teor alcoólico. Os vinicultores agora trabalham regularmente com leveduras projetadas para metabolizar essas maiores taxas de açúcar.

Algumas regiões serão tão quentes que deixarão de produzir, enquanto outras nunca antes consideradas, poderão começar a produzir. Poderemos deixar de ter vinho de Bordeaux, na França e passar a ter vinhos da Islândia, por exemplo.

Infelizmente, devido às alterações climáticas que já se fazem sentir, a comida do futuro está a chegar mais depressa do que o esperado e desejado.

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