Toda a gente sabe que os bebés crescem muito rápido. Essa rapidez leva a que muitos objetos, roupa e até mobília seja usada durante um curto período de tempo. Os berços são uma dessas peças. A pensar nisso e no desconforto causado nas crianças pelas constantes mudanças, Patrícia Cruz, estudante de design da Universidade de Aveiro, criou um berço que se adapta às necessidades ao longo do tempo, chama-se HOGIE.
O berço criado por Patrícia Cruz, sem nunca descurar a segurança e o conforto, adapta-se ao crescimento de uma criança até aos 4 anos. O design permite retirar ou colocar a criança no berço com toda a facilidade. É fabricado através de processos amigos do ambiente, é ainda facilmente lavável e transportável.
O projeto nasceu da pesquisa que Patrícia Cruz realizou num infantário da região de Aveiro. “Verifiquei que existiam mudanças nos infantários que prejudicavam a adaptação, o bem-estar, o conforto, a experiência e a memória da criança do seu percurso escolar. Mudanças essas que se deviam essencialmente à constante alteração do local de sono e às mudanças de educadoras”, lembra a estudante.
Ao analisar os benefícios do sono para o crescimento infantil e tendo em conta os dados recolhidos no infantário, a estudante entendeu que, “para colmatar as mudanças de berço e de sala ao longo da passagem pela creche, e para melhorar a qualidade da experiência do sono no infantário, seria necessária a criação de um berço adaptável que acompanhasse a criança durante o processo de crescimento e que se adaptasse constantemente às necessidades”.
Adaptável até aos 4 anos de idade, o HOGIE é constituído por três variantes que, graças ao sistema de encaixe das peças, rapidamente assume as respetivas funções. A primeira variante tem o nome de “mini-berço” e pretende abranger as crianças dos 3 aos 4 meses. Nesta fase, o berço tem dimensões reduzidas e encontra-se a um nível mais elevado, permitindo que o educador mantenha a postura correta durante a colocação da criança no berço.
A segunda versão chama-se o “berço” e é indicada para crianças entre os 4 meses e o primeiro aniversário. “Está relacionada com a fase de constante evolução motora e cognitiva da criança”. Para este período, explica Patrícia Cruz, “o berço adquire maior altura para proteger e garantir a segurança máxima da criança”.
A última versão, batizada de “Catre”, pretende fazer face ao avanço motor e à autonomia da criança. “A função de catre surge a partir da parte constituinte do “mini-berço” e permite que a criança se possa deitar sozinha sem o auxílio do educador e sem qualquer risco de queda”, explica a estudante.
Em todas as três versões o berço tem por medidas 120 por 60 centímetros, podendo ser fabricado em várias cores num material em acrílico que facilita a vigilância dos educadores. As várias peças podem ser empilhadas num espaço diminuto para que as salas possam ser utilizadas para outras atividades.
Patrícia Cruz acrescentou ainda ao HOGIE, cujo único colchão pode ser utilizado nas três versões, um conjunto de funcionalidades que não só permite uma utilização mais eficaz do berço como prolonga o seu tempo de vida útil: o sistema de elevação do colchão que permite obter um ângulo de 10 graus de inclinação, melhorando assim a qualidade do sono e a respiração da criança, as peças protetoras que eliminam o contacto direto entre o produto e o piso, a tampa que permite que uma das partes do berço se transforme numa caixa de arrumação e as rodas para transportar o berço facilmente.
“A rotina é fundamental na fase de crescimento porque ajuda a criança a prever as atividades que vão surgindo e age como tranquilizante”, aponta Patrícia Cruz. Deste modo, adianta, “pretende-se com o HOGIE reconhecer as vantagens da rotina e promover a possibilidade de adoção de uma nova estratégia de educação, centrada na criação de vínculos afetivos entre a criança, o berço e a educadora, onde durante o percurso pré-escolar, não existem mudanças que prejudicam o bem-estar emocional da criança”.
Desenhado a pensar nas instituições pré-escolares “que pretendam adquirir um produto que proporcione bem-estar para a criança e para as educadoras”, o HOGIE pode também, naturalmente, ser utilizado em casa das crianças.
A Organização Because International também pensou no rápido crescimento das crianças, mas desta vez com um cariz mais social, e criou os sapatos que crescem até cinco tamanhos. Esta ideia surgiu porque “há mais de 300 milhões de crianças que não têm sapatos. E muitos mais com sapatos que não lhes servem“.
Fonte: Universidade de Aveiro
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