Inspirada pelos avós com demência, Rita Maldonado Branco dedicou a sua tese de mestrado em Londres à descoberta de formas de comunicar com doentes de Alzheimer.
Desde adolescente que Rita lida com a doença de Alzheimer, primeiro o avô paterno começou a dar sinais de esquecimentos pouco normais, mais tarde a avó materna. Queria voltar a comunicar com os avós. Essa vontade levou-a a investigar a doença e a pesquisar formas que pudessem ajudar na comunicação.
Com formação em design de comunicação, Rita decidiu avançar para a investigação com o intuito de responder à pergunta “O design de comunicação pode ajudar doentes de Alzheimer a comunicar melhor?”, tendo realizado a sua tese de mestrado com este tema, no Colégio de Arte e Design Central Saint Martins, em Londres.
De volta à Portugal, decidiu continuar a investigação com um doutoramento na Universidade do Porto, cujo objetivo é criar ferramentas práticas de comunicação para pessoas com demência.
Tudo o que tem desenvolvido nesta área foi a pensar nos avós, tendo sido testado pelos mesmos. A avó materna tinha dificuldade em reconhecer os familiares, então Rita criou um jogo de cartas da família.
A avó reconhecia as caras mas não se lembrava qual a sua relação. Cada carta apresenta de um lado a fotografia do membro da família, e do outro lado o nome, uma pequena descrição sobre a pessoa e uma pergunta sobre o parentesco, que redireciona para outra pessoa/carta, incentivando a conversação.
O caso do avô era diferente, ele nunca gostou de cartas, então a abordagem tinha que ser também diferente.
“Desde que o meu avô foi diagnosticado com a doença de Alzheimer, tornou-se muito passivo e difícil de comunicar com ele. No entanto, ele ainda lê muito.” Foi este pensamento que levou a designer a compilar num livro várias cartas escritas pelos parentes mais próximos.
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Algumas palavras relevantes e nomes foram destacados no livro, com o o intuito de desencadear algumas memórias. “O meu avô mostrou interesse imediato pelo livro e prazer ao lê-lo. (..) Depois de algumas semanas, tornou-se ligado a ele, mantendo-o sempre por perto. Começou a lê-lo várias vezes ao dia e começou a fazer alguns comentários e a perguntar sobre as pessoas no livro.“
Outra experiência interessante que Rita desenvolveu com a avó foi uma toalha de mesa. As pessoas com demência são também afetadas em tarefas banais, como pôr a mesa. “Como ex-dona de casa, a minha avó sempre foi muito interessada em ajudar nas tarefas domésticas. Nos últimos anos, ela não tem sido capaz de o fazer.” Então a neta decidiu criar uma toalha com silhuetas dos talheres e loiças para ajudar.
A avó materna da designer percebeu o conceito e seguiu os desenhos na toalha, colocando corretamente cada peça em cima da mesa. Esta toalha deu-lhe mais confiança na realização da tarefa de colocar a mesa para as refeições, contribuindo para a sua autoestima.
Este é um exemplo que pode ser replicado para ajudar outras pessoas com demência, por essa razão Rita desenvolveu individuais para refeição com os desenhos dos utensílios.
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“Cada pessoa experiencia a demência de formas diferentes, sendo importante observar e entender o que a pessoa ainda tem interesse e se envolve, adaptando a comunicação a esses meios.“, defende Rita.
Existem várias doenças que causam demência. A doença de Alzheimer é a mais comum, seguida pela demência vascular, demência fronto-temporal e demência com corpos de Lewy.
A doença de Alzheimer causa uma deterioração progressiva e irreversível de funções cognitivas como memória, atenção, concentração, linguagem ou pensamento.
Em 2013, calculava-se que houvesse em Portugal 160 mil pessoas com demência, a nível global, o número de pessoas com demência passa os 44 milhões.
Fonte: Site de Rita Maldonado Branco
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